Desde que Mark Zuckerberg colocou na cabeça que a mídia do presente e do futuro é o vídeo, o Facebook entrou em uma ferrenha disputa por espaço com o YouTube. O mais recente episódio dessa rivalidade é a possibilidade de baixar vídeos postados no Facebook para assistir offline posteriormente. Num movimento de xadrez, Zuckerberg busca colocar pressão no YouTube com um diferencial que promete agitar a briga.
Serviço atende a uma demanda importante
O grande trunfo da nova jogada do Facebook é demonstrar sensibilidade para resolver um problema real que as pessoas enfrentam não apenas na rede social como também no YouTube. Muitas vezes, gostaríamos de ver um vídeo, não temos Wi-fi à disposição e não queremos gastar dados móveis. O problema é especialmente sentido em países onde a internet ainda não é desenvolvida para suportar a exibição de vídeos de forma satisfatória. O Facebook resolverá este problema dando a possibilidade de fazer o download de vídeos para poder assistir offline depois.
Um ponto a se destacar é que a rede social se preveniu contra a pirataria. Só será possível baixar os vídeos dentro do aplicativo do Facebook (que hospedará os arquivos), nunca na memória na memória do dispositivo. A privacidade também está garantida: as publicações só estarão disponíveis offline quando os publicadores permitirem.
A iniciativa será testada inicialmente na Índia, um mercado muito forte do Facebook que não dispõe de boa infraestrutura de rede. Caso a novidade emplaque para valer, pode “forçar” o Google a oferecer algo similar no YouTube, o que seria bastante saudável por aumentar as possibilidades das pessoas. Um exemplo claro de concorrência que leva o segmento a crescer e beneficia os usuários.
Desafio sempre foi complicado
Embora o movimento do Facebook seja promissor, o agrupador de vídeos do Google é uma marca extremamente consolidada neste segmento, por isso o desafio da rede social mais popular do mundo se mostrou ingrato desde o início. O Facebook usou as armas ao seu alcance, como por exemplo, reduzir a entrega de links do YouTube dentro da rede social e fazer o caminho oposto para os vídeos postados diretamente no Facebook.
A iniciativa teve algum impacto, mas Zuckerberg talvez não tenha previsto algumas cascas de banana em seu caminho. Primeiro: o feed de notícias se baseia no scroll vertical e não é exatamente a melhor opção para uma plataforma de vídeos. Segundo: justamente por isso, muitas visualizações são contabilizadas simplesmente porque apareceram por um segundo no feed do usuário. Terceiro: mesmo que a pessoa pare para ver o vídeo, sua reprodução começa sem som a menos que a pessoa clique – um detalhe que também tem deixado as marcas com um pé atrás para apostar nessa estratégia. Uma opção para solucionar este último ponto é subir vídeos legendados no Facebook.
À parte esses pontos que levantam dúvidas, é preciso reconhecer que a estratégia adotada pelo Facebook tem gerado frutos e demonstra visão e planejamento da empresa, que optou por pegar o trem da história e não insistir em um formato que apresentava declínio.
Os vídeos são, sem dúvidas, a bola da vez.